Significado de Salmos 40

Salmos 40

O Salmo 40 é um salmo de ação de graças no qual o salmista louva a Deus por sua fidelidade e salvação. O salmo pode ser dividido em várias partes principais:

A libertação do salmista (versículos 1-5): O salmista descreve sua experiência de ser resgatado do poço da destruição e colocado em um firme fundamento por Deus. Ele louva a Deus por sua fidelidade e declara sua confiança nele.

A obediência do salmista (versículos 6-10): O salmista declara sua disposição de obedecer à vontade de Deus e proclamar sua fidelidade aos outros.

O pedido de ajuda do salmista (versículos 11-13): O salmista apela a Deus por ajuda e proteção, reconhecendo sua própria fraqueza e pecaminosidade.

O louvor do salmista (versículos 14-17): O salmista louva a Deus por sua salvação e justiça e expressa seu desejo de proclamar a fidelidade de Deus aos outros.

Em termos gerais, o Salmo 40 é um salmo de ação de graças e louvor que celebra a fidelidade e a salvação de Deus. Encoraja-nos a confiar em Deus, obedecer à sua vontade e proclamar a sua fidelidade aos outros. Também nos lembra de nossa necessidade da ajuda e proteção de Deus, e de nossa própria pecaminosidade e fraqueza.

Introdução ao Salmo 40

O Salmo 40 é um salmo de louvor declarativo, que muda para salmo de lamentação. Constitui um bom exemplo de como os problemas e dificuldades levaram Davi a depender continuamente do Senhor. 

O título do Salmo 40 é “Para o Principal Músico”. Tal salmo incrivelmente valioso deve ser confiado ao mais habilidoso dos músicos sagrados. A música mais grandiosa deve ser oferecida a um assunto tão incomparável. A dedicatória sugere que o salmo se destinava ao culto público e não apenas a um hino pessoal, apesar de ter sido escrito na primeira pessoa do singular. A atribuição a David confirma a autoria. Pela inspiração do Espírito Santo, Davi foi elevado ao reino da profecia e teve o privilégio de escrever sobre alguém muito maior do que ele.

A estrutura do salmo é a seguinte: (1) relato do livramento (v. 1-3); (2) exortação ao povo para que entregue sua vidas ao Senhor (v. 4, 5); (3) profissão de louvor (v. 6-8); (4) relato a Deus do cumprimento do voto de louvor (v. 9, 10); (5) novo lamento (v. 11, 12); (6) uma série de pedidos de livramento (v. 13-15); (7) louvor contínuo em meio aos problemas (v. 16,17).

Cristologia

Jesus está claramente presente nesta passagem. Embora seja possível interpretar o texto como referindo-se a Davi e seu Senhor, Cristo e a igreja, essa interpretação pode ser difícil de entender. Portanto, vamos nos concentrar na interpretação mais direta, mesmo que isso signifique ignorar outros significados possíveis. Mesmo sem as referências explícitas a Jesus no Novo Testamento, ainda teríamos concluído que Davi estava falando Dele no Salmo 40:6-9. No entanto, o apóstolo em Hebreus 10:5-9 tira qualquer dúvida e confirma que o significado da passagem é exclusivamente sobre Jesus, que veio para cumprir a vontade do Pai.

Comentário de Salmos 40

Salmos 40:1–2 A experiência da salvação é a história do que Deus fez. O salmista narra o que acontece quando se espera “com paciência” o Senhor (cf. Sl 27). As alusões à morte e à morte nas palavras “poço viscoso”, “lama” e “lodo” sugerem que Davi estava gravemente doente, até mesmo à morte. A cura era então uma salvação do mundo inferior (cf. 69:2, 14), de onde o Senhor o “levantou”. Mas as metáforas também podem expressar a ameaça à existência nacional de Israel por um ataque inimigo. O rei personificou a gravidade da crise pela imagem de seu próprio sofrimento e da libertação do Senhor.

Salmos 40.1 O hebraico traduzido por esperei com paciência seria, literalmente, esperei esperando. A ênfase nesta frase não está na paciência, mas no fato de que Davi espera somente no Senhor. O verbo esperar expressa confiança, ou fé, resoluta no Senhor (Sl 130.5). Davi sabe que a salvação provém somente do Todo-poderoso (Sl 3.8). As palavras ele se inclinou para mim apresentam a imagem do Criador do universo, o Rei dos céus, olhando atentamente do Seu trono para salvar os indefesos.

Salmos 40.2, 3 Lago horrível. Davi escreveu este poema ao sair de um período de terrível angústia, em que se sentia como que preso em um charco ou pântano. Por mais que tentasse, não conseguia sair. Davi expôs então tal frustração ao Senhor e confiou em Sua força. Novo cântico. A salvação do Senhor leva Davi a louvá-Lo. A música é nova porque esta salvação de Deus é nova, recente, para ele.

Salmos 40:3 Em resposta adequada à ajuda de Deus, Davi renovou seu louvor a ele. A novidade do canto reside no acontecimento da história da salvação. A recente vitória foi um capítulo adicional em uma longa série de envolvimentos de Deus com seu povo, inspirando o povo de Deus com um renovado senso de admiração por seu Deus da aliança.

Salmos 40.4, 5 Os soberbos refere-se aos idólatras, que não querem se ajoelhar humildemente perante o Senhor (Sl 147.6). A mentira refere-se à idolatria. Não é somente com Suas obras que Deus Se volta para quem tem fé, mas, também, com Seus pensamentos. Deus pensa em nós.

Davi fala da bem-aventurança daqueles que depositam sua confiança no Deus da aliança, cujos atos de proteção são inumeráveis. Indiretamente, ele exorta as pessoas a não dependerem da força humana ou da idolatria. Os atos poderosos do Senhor são “maravilhas” (HB 7098), ou seja, atos de libertação sobrenatural e providencial que são numerosos demais para serem relatados (cf. 104:24; 106:2; 139:17–18; João 21:25); eles são as manifestações das “coisas que você planejou para nós”. A história da redenção mostra uma coesão e movimento interior, revelando os “pensamentos” do Senhor que resultarão, por fim, na restauração do céu e da terra.

Salmos 40:1-5 (Devocional) 

Uma Nova Canção

Davi perguntou ao SENHOR se Ele o livraria da ira de Deus que ele estava sofrendo por causa de sua iniquidade (Sl 39:8). No Salmo 40, o SENHOR atende ao pedido de Davi. A resposta vem por meio de Cristo, o Filho de Davi, que veio a este mundo (Sl 40:7) para fazer a vontade de Deus, ou seja, salvar Davi e todos nós.

Este é um salmo messiânico. É sobre o Senhor Jesus. Isso fica claro em Hebreus 10, onde o Salmo 40:6-8 deste salmo não está listado como uma citação de Davi, mas é atribuído a Cristo. Ele fala essas palavras em Sua vinda ao mundo (Hb 10:5-7). O salmo representa o Senhor Jesus que se torna o Servo obediente na terra no corpo que Deus preparou para Ele. Na terra Ele está aflito e necessitado, enquanto espera pacientemente em Deus por ajuda.

Cronologicamente, parece que Sl 40:1-4 deveria estar no final do salmo. Esta primeira seção do salmo trata da ressurreição de Cristo e suas consequências. Do Salmo 40:6 até o fim, é sobre a vinda de Cristo e Seus sofrimentos. É diferente neste salmo do que em muitos outros salmos onde a profundidade do sofrimento é descrita primeiro e termina com um cântico de redenção e vitória.

Vemos que neste salmo Cristo suporta as tristezas de Seu povo e está sendo testado para ser um exemplo encorajador para eles. Ele espera pela libertação de Seu Deus enquanto se submete à vontade de Deus. Neste salmo é ocasionalmente sobre o sofrimento expiatório como substituto de Seu povo. A ideia principal é o sofrimento de Cristo como encorajamento para o remanescente fiel na grande tribulação a segui-lo nela.

Para “para o regente do coro” (Salmos 40:1), veja Salmos 4:1.

Para “um Salmo de Davi”, veja Salmo 3:1.

Não há nenhum ponto de referência direto na vida de Davi que pudesse ser uma ocasião para escrever este salmo. O Espírito de Cristo o inspirou a escrever este salmo com Cristo em mente.

Davi, ou melhor, o Espírito de Cristo começa o salmo apontando que ele tem “pacientemente”, no sentido de muito fortemente, “esperado no Senhor” (Sl 40:1). Não foi apenas uma expectativa fraca, mas ele esperou intensamente. Com ele, a perseverança tem sido uma obra perfeita (Tg 1:4). Ele continuou a confiar em Deus enquanto sofria profundamente, e Deus não interveio.

Isso foi particularmente verdadeiro em relação a Cristo. Sua vida na terra foi sofrida, especialmente durante a última semana de Sua vida na terra. Seu exemplo será um encorajamento especial para o remanescente crente quando sofrerem na grande tribulação.

Cristo experimentou como Deus se curvou diante dele. Deus, por assim dizer, manteve Seu ouvido na boca de Cristo. Desta forma, Ele ouviu atentamente Seus gritos de socorro. Ouvimos este clamor de ajuda quando Ele oferece orações e súplicas no Getsêmani Àquele que pode salvá-lo da morte. E Ele é ouvido por causa de Sua piedade (Hb 5:7), depois de ter percorrido todo o caminho da obediência a Deus.

Uma primeira resposta às Suas súplicas aconteceu no momento em que Ele entregou Seu espírito nas mãos do Pai. Então o trabalho está terminado. Depois das três horas de escuridão nas quais o Senhor Jesus é abandonado por Deus, há novamente comunhão com Seu Deus. Ele é então levantado “do poço da destruição” (Salmos 40:2; cf. Salmos 69:2; Salmos 69:14). Por isso se entende a água do julgamento de Deus que veio sobre Ele. Ele foi submerso na lama de nossos pecados.

O cumprimento posterior da resposta ocorre quando a glória do Pai ressuscita o Senhor Jesus dentre os mortos (Rm 6:4) e coloca Seus “pés sobre a rocha”. A ressurreição é a base sólida e inabalável sobre a qual permanece todo crente que está conectado a Cristo por meio de Sua obra na cruz. Nesse caminho, os passos se firmam. Não há perigo de cair no poço novamente e afundar na lama lamacenta novamente.

Este trato de Deus em favor dEle em Seu livramento é seguido pelo novo cântico que Ele põe na boca de Cristo (Sl 40:3). É o cântico de completa libertação do julgamento porque foi carregado por Ele. O novo cântico está sempre ligado à redenção (cf. Ap 14,3).

O novo cântico que está em Sua boca torna-se “um cântico de louvor ao nosso Deus”, que é um cântico de louvor cantado por todos os que chamam Deus de “nosso Deus”. Eles pertencem ao Senhor Jesus pela fé Nele. Por meio de Sua obra, Seu Deus também se tornou o Deus deles (cf. Jo 20:17; Heb 2:12).
Do que Deus fez na ressurreição de Cristo, sai um testemunho que é visto por muitos. Como resultado, eles temerão a Deus e confiarão Nele. Isso também será verdade no fim dos tempos, quando o remanescente crente cantará o novo cântico da salvação, tendo sofrido com e por causa de Cristo, e também será ouvido como Ele foi ouvido. É um testemunho para todos.

O mesmo é verdade para nós. Nossas vidas estão conectadas com o Senhor ressuscitado. O novo cântico que cantamos, o cântico do Cordeiro, também se baseia no sacrifício de Cristo. É um testemunho para aqueles ao nosso redor, através do qual haverá aqueles que virão a confiar em Deus.

Somos os primeiros de muitos que cantarão o novo cântico no céu (Ap 5:9; Ap 14:3). Já estamos cantando o cântico novo na terra como cântico de ação de graças pela redenção que nos foi dada em Cristo. Certamente não é possível ficar calado sobre Sua entrega a Deus, por meio da qual fomos salvos do julgamento e recebemos inúmeras bênçãos, não é mesmo?

Aqueles que, seguindo Cristo, colocam sua confiança em Deus são “bem-aventurados” ou felizes no sentido mais amplo da palavra (Sl 40,4; cf. Sl 1,1). As circunstâncias em que isso ocorre são mencionadas na segunda parte do versículo. É uma época em que muitos se voltam para pessoas orgulhosas. Pessoas orgulhosas confiam em si mesmas e não em Deus. São pessoas que querem ocupar o lugar de Deus; este é o cerne do pecado do diabo (1Tm 3:6), que quis ser como Deus.

Vemos essas pessoas orgulhosas na massa de judeus apóstatas. Eles rejeitam a verdade em Cristo e recorrem à mentira (2Ts 2:11). Orgulho e falsidade são as características do anticristo e de seus seguidores. Aqueles que não concordam com isso, mas confiam em Deus contra a corrente, são abençoados.

Davi, por meio do Espírito de Cristo, expressa sua admiração pelas maravilhas que o Senhor seu Deus tem feito a todos os remanescentes (Sl 40:5). Todo crente que é impedido de ser levado pela apostasia é uma maravilha operada por Deus. Isso se aplica aos crentes na grande tribulação. Ele os tem guardado.
Na verdade, trata-se das muitas maravilhas que o Senhor fez por nós no passado, especialmente em conexão com a vinda de Cristo à terra. As maravilhas de Deus para os Seus são evidentes em cada crente em todas as épocas e em Seu povo como um todo, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.

Deus não apenas fez muitas maravilhas, mas também tem Seus próprios pensamentos. Isso inclui Seu conselho, Seus propósitos de abençoar todos os Seus. Suas bênçãos incluem tirar nossos pecados e permitir que participemos de todos os efeitos da obra de Cristo. Todos esses pensamentos foram realizados por Cristo. Eles são tão numerosos que não podem ser contados. Eles também são tão grandes que não podem ser compreendidos.

O significado é que não é possível colocá-los em nenhuma ordem particular ou também que nada pode ser comparado a Ele. Simplesmente não temos as palavras ou o conhecimento para isso (cf. 1Co 2:9). Conhecemos em parte ou peça por peça (1Co 13:9). Não podemos compreender todo o quadro e só podemos ver bênção após bênção, maravilhar-nos com isso e honrá-lo por isso.

Salmos 40:6–8 Davi está ciente de que o Senhor não está satisfeito com mero sacrifício (cf. 1Sa 15:22–23). Ele se opõe ao mero formalismo e declara seu compromisso pessoal com o Senhor na forma de “ouvidos abertos”. Ele ouviu a lei de Deus - especialmente os requisitos da realeza. Assim, Davi, o ungido do Senhor, apresenta-se como uma oferta dedicatória ao Senhor. Compromisso é um desejo sincero de conformar o próprio modo de vida à vontade de Deus, conforme prescrito na Palavra de Deus.

Salmos 40.6 O Senhor Se agrada daqueles que vêm a Ele obedientemente e com louvor nos lábios (1 Sm 15.22,23). As minhas orelhas furaste. O Senhor não nos dotou de ouvidos apenas para ouvirmos Sua palavra, mas também para que tivéssemos entendimento do que ouvimos e pudéssemos obedecer-lhe.

Salmos 40.7, 8 Eis aqui venho. Davi não traz ao templo seu sacrifício; seu ato verdadeiro está em oferecer a própria vida a Deus (Rm 12.1, 2) — segundo Hebreus, estas mesmas palavras como que Jesus as pronunciou, ao oferecer Sua vida ao Pai (Hb 10.4-6). Deleito-me está ligado à palavra quiseste do versículo 6. O que agrada o Senhor há que agradar também o Seu povo.

Salmos 40:9–10 Davi proclama as boas novas das perfeições do Senhor à congregação reunida para adoração. Ele deve falar por uma compulsão interior; ele não pode ficar quieto. Ele explica que seu compromisso é correlativo às perfeições do governo do Senhor: “retidão... fidelidade... salvação... amor... verdade.” A justiça do Senhor é expressa em qualquer ato ordenado em nome do bem-estar de seu povo e na execução dos propósitos de seu reino. A natureza dos atos justos de Deus é que ele é fiel ao seu povo da aliança, resultando em sua salvação. Essa fidelidade é um corolário de seu amor e verdade infalíveis, ou seja, fidelidade.

Salmos 40:11 O salmista então ora para que o Senhor continue a conceder sua aliança de “amor” (HB 2876) e fidelidade ou “verdade” (HB 622) a seu servo ungido e, por meio dele, à nação. Por causa da grande necessidade (cf. v.12), ele também implora a Deus que tenha compaixão ou “misericórdia” (HB 8166, 8177) sobre ele.

Salmos 40:12 O rei está preocupado com as adversidades causadas por seus inimigos (cf. vv.14–15). Embora fale de “meus pecados”, como líder teocrático, ele assume o pecado da nação e implora ao Senhor que tenha compaixão da nação. As consequências do pecado tiveram um efeito paralisante sobre ele e sua capacidade de governar o povo de Deus. Tão grande era a aflição que se sentiu como uma inundação (cf. 2 Sm 22,5; Jo 2,5).

Salmos 40.10-12 Não detenhas. Mesmo depois do livramento com que o salmo começa, Davi tem outro motivo para voltar-se para o Senhor com preces renovadas. Em hebraico, as tuas misericórdias, que também pode ter o sentido de ventre, refere-se à íntima afeição que Deus tem por nós. Davi, na verdade, está pedindo praticamente ao Senhor que o envolva com ternura e conforto maternais.

Salmos 40:6-10 (Devocional) 

Eis que venho

Sl 40:6-8 não são sobre Davi, mas só podem se referir a Cristo. Isso fica claro na citação desses versículos no Novo Testamento (Hb 10:7-9). Por “sacrifício” (Sl 40:6) entende-se a oferta pacífica. Desta oferta o ofertante poderá comer junto com Deus e com todo aquele que estiver limpo. A “oferta de manjares” é uma oferta não sangrenta. Nesses sacrifícios como tais, Deus não encontrou alegria. Eles são apenas uma imagem de sombra. O que Deus encontra alegria é no que esses sacrifícios se referem, que é Cristo (Hb 9:11-14; Hb 10:5-9).

Deus encontrou alegria naquele de quem Ele “abriu” os ouvidos – literalmente “cavou os ouvidos” – que é o Senhor Jesus. Ele é a verdadeira oferta pacífica e a verdadeira oferta de manjares. Por meio dele, a comunhão entre Deus e o pecador arrependido foi restaurada. Disso fala a oferta de paz. Como a verdadeira oferta de manjares, Cristo viveu completamente para a glória de Deus. É disso que falam os ouvidos abertos.

Em Hebreus 10, “orelhas furadas [melhor: cavadas]” é citado da Septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento. Diz que Deus “preparou” para Ele “um corpo” (Hb 10:5). As orelhas indicam audição e obediência. Seu corpo é, por assim dizer, todo ouvidos para a vontade do Pai. Tornou-se Escravo e obediente em tudo, até à morte, sim, até à morte de cruz (Fp 2:7-8).

Lemos três vezes sobre os ouvidos do Senhor Jesus e cada vez se refere à Sua obediência:

1. “Abriste-me os ouvidos” (Sl 40:6) aponta para o Senhor Jesus tornando-se Homem para obedecer e morrer.

2 “Abriu o meu ouvido” (Is 50:4-5), fala de Sua vida na terra sendo marcada pela obediência.

3. “Fure-lhe a orelha”, é sobre a orelha do Senhor Jesus na figura do escravo hebreu (Êxodo 21:5-6). Isso se refere ao fim de Seu serviço e vida na terra, que são caracterizados pela obediência. Além disso, isso fala do fato de que Ele servirá para sempre (Lucas 12:37).

Do holocausto e da oferta pelo pecado, Cristo diz que Deus não os requereu. Deus então não prescreveu ou exigiu a oferta pelo pecado? Afinal, isso é dito repetidamente em Levítico 4 (Lv 4:2-3; Lv 4:13-14; Lv 4:22-23; Lv 4:27-28). Certamente eles foram oferecidos porque Ele ordenou. Mas isso não significa que Ele encontrou alguma alegria em fazê-lo ou que, ao trazê-los, o requisito de Sua justiça foi cumprido. O SENHOR só poderia encontrar alegria nessas ofertas porque são sombra da oferta de Cristo. Portanto, Ele poderia deixar passar os pecados dos ofertantes (Rm 3:25).

Essas ofertas não podiam tirar pecados e podiam ser trazidas com corações insinceros. Deus nunca os exigiu como ofertas pelas quais alguém pode ser trazido à Sua presença, pois isso é impossível. Um holocausto animal não pode tornar um homem aceitável a Deus, e uma oferta animal pelo pecado não pode tirar nenhum pecado de um homem pecador.

A palavra “então” com a qual o Salmo 40:7 começa tem o significado “porque é assim”, referindo-se à observação do verso anterior. Então o Senhor Jesus fala as palavras impressionantes “eis que venho”. Ele se oferece para cumprir o que nenhum sacrifício animal foi capaz de fazer e para cumprir o que todos os sacrifícios têm apontado: a Si mesmo como o verdadeiro Sacrifício.

Ele o faz de acordo com o que está escrito “no rolo do livro” sobre Ele (cf. Lc 4, 17-21). É impossível aplicar isso a Davi. Ninguém além do Senhor Jesus pode dizer isso. De ninguém, exceto do Senhor Jesus, pode-se escrever que Ele disse algo “quando vier ao mundo” (Hb 10:5). Deus estabeleceu em Seu conselho que Cristo viria. Ele é o Cordeiro conhecido antes da fundação do mundo (1Pe 1:20). Davi diz isso profeticamente do Senhor Jesus.

Ele não apenas se oferece de bom grado, mas também com alegria para fazer a vontade de Deus, que para Ele significa “deleitar-se em fazer a tua vontade” (Sl 40:8). Ele sabe que ao fazer a vontade de Deus, Ele está cumprindo a Sua boa vontade. Ele também é plenamente capaz de fazer isso, pois a lei de Deus está dentro de Seu coração. Sua obediência não é apenas externa, mas também interna. Ele cumpre toda a lei de Deus desde o mais íntimo de seu ser. Podemos nos perguntar se não estamos apenas fazendo as coisas certas exteriormente, e também se a Palavra de Deus está dentro de nosso coração para que de lá todos os nossos pensamentos, palavras e ações possam ser governados.

Com o Senhor Jesus, a lei de Deus operou em Seu coração para proclamar “boas novas de justiça na grande congregação” (Sl 40:9). Ele faz isso enquanto segue Seu caminho na terra na “grande congregação” de Israel. Podemos pensar, por exemplo, no Sermão da Montanha em Mateus 5-7, que Ele pronunciou diante de uma grande multidão (Mateus 5:1).

Ele testificou em grande fidelidade da justiça de Deus como “boas novas”. A justiça de Deus é uma boa nova para o pecador arrependido. Ele não refreou Seus lábios de falar sobre isso. Ele não pode e não fará de outra forma e pode, portanto, dizer que o SENHOR sabe (cf. Jo 17:4; Jo 17:6; Jo 17:8; Jo 17:14; Jo 17:26)!

O que Ele profere, o que Ele testifica, nada mais é do que o que é peculiar a Deus: Sua justiça, Sua verdade, Sua salvação, Sua benignidade e Sua fidelidade (Sl 40:10). A lei de Deus está em Seu coração, mas a “justiça” de Deus Ele não escondeu em Seu coração. Ele proclamou a “fidelidade” de Deus e a “salvação” de Deus. A verdade de Deus sobre o homem e a santidade de Deus foram pregadas por Ele. Ele também destacou o amor de Deus ao apresentar a salvação de Deus, que é o caminho para ser salvo.

A “bondade” de Deus se conecta à salvação de Deus. Bondade é o chesed hebraico. Significa fidelidade à aliança. Essas são as bênçãos, as coisas boas que o SENHOR quer dar, seja com base na fidelidade do povo – o que não é o caso – ou com base na obra de um Mediador que cumpriu os requisitos da aliança, os requisitos da lei, morrendo na cruz.

Em Cristo, “apareceu a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor pelos homens” (Tito 3:4). Toda a vida até e incluindo a morte de Cristo é a proclamação da bondade de Deus. A verdade de Deus se conecta com a fidelidade de Deus. O Senhor Jesus mostrou que Deus é totalmente fiel e digno de confiança.

Cristo revelou todas essas características de Deus em justiça, ou seja, o que Ele faz está de acordo com Quem Deus é. Ele não escondeu a justiça de Deus na grande congregação de Israel. Sempre e em todos os lugares Ele falou sobre quem Deus é, com o propósito de que o povo de Deus voltasse para Deus.

Salmos 40.13-15 Livrar-me. Davi não busca, aqui, o perdão de seus pecados (compare com Sl 51.3,4), mas, sim, ficar livre de inimigos poderosos. Ah! Ah! Os inimigos de Davi o rodeiam, zombando dele sem compaixão (Sl 35.21).

Davi ora para que o Senhor o ajude “rapidamente” a sair da crise. Ele afirma que deve ser a vontade de Deus e seu ato de libertação. Ele também ora para que aqueles que se alegraram com a miséria dele e da nação possam estar errados em sua suposição de que o Senhor não tinha poder para redimir seu povo. Ele ora pela queda e vergonha de seus inimigos de acordo com os princípios da justiça e com a promessa de Deus de amaldiçoar aqueles que amaldiçoaram os seus (Gn 12:3). Os inimigos gostavam de atirar contra o povo de Deus, gritando com desdém: “Ah! Ah! Davi ora para que o Senhor mude a sorte deles para que saibam quem é Deus.

Salmos 40:16 Quando o Senhor demonstrar novamente seu justo ato de livramento, o povo de Deus se alegrará com sua salvação. Eles são caracterizados por “buscar” o Senhor e “aqueles que amam a sua salvação”. Davi ora aqui, não por si mesmo, mas por seu povo que se juntou a ele na espera pela salvação do Senhor.

Salmos 40:17 O salmista conclui com uma nota de urgência. As últimas três palavras expressam a necessidade: “não demores”. Ele está em necessidade desesperada e humildemente lança a si mesmo e seu povo perante o Senhor. O Senhor permanece “meu auxílio e meu libertador” e “meu Deus” mesmo nas crises. É com base nisso que Davi ora por uma libertação rápida.

Salmos 40.16,17 Engrandecido seja o Senhor. Com estas excelentes palavras de louvor, Davi incentiva a comunidade a glorificar o Senhor (Sl 35.27). Pobre e necessitado. O salmista sente que ainda tem problemas, mas que, clamando a Deus, Ele irá livrá-lo novamente.

Salmos 40:11-16 (Devocional) 

Implorar por ajuda

Davi, e também os que o imitam, ou seja, o remanescente fiel, refugia-se no Deus do passado (Dt 33:26; Dt 33:27). Alguns traduzem “SENHOR” como “Deus eterno”, literalmente “o Deus de ontem”, ou seja, o Deus que mostrou no passado quem Ele é e o que Ele faz. Agora que o remanescente viu o que Deus faz (Sl 40:1-10), eles vão e pedem ao Senhor por salvação (Sl 40:11-17). Nós também pedimos ajuda a Deus com base no que Ele fez no passado por meio do Senhor Jesus.

O Senhor Jesus, no Salmo 40:9-10, testificou com grande fidelidade algumas das características de Deus na grande congregação de Israel. Agora Ele faz um apelo a algumas das características de Deus para Si mesmo (Sl 40:11). Ele pede que não retenha Sua misericórdia por causa de Sua miséria (Sl 40:12).

O salmista, e isso também se aplica ao remanescente crente, também pergunta se Ele o preservará com Sua benignidade e verdade. Ele os deu a conhecer e agora pergunta se Deus também os cumprirá para ele. Ele também pede que Deus o faça “continuamente”. Davi é aqui um tipo ou sombra de Cristo como o verdadeiro Homem que pede preservação durante a enorme obra que tem que fazer.

A ocasião da pergunta do salmista e do remanescente são os males inumeráveis que o cercam, isto é, que o cercam por todos os lados (Sl 40:12). Ele está cercado por eles, completamente fechado por eles. Esses males são o resultado de sua fidelidade a Deus. O mesmo se aplica às “iniquidades” que o alcançaram.

É sobre as iniquidades de Israel, os dois pecados do povo: a rejeição de Cristo e o recebimento do anticristo. Quando pensamos em Cristo, é exclusivamente sobre as iniquidades que Ele tomou sobre Si para aqueles que Nele creem, para sofrerem, portanto, o julgamento de Deus (Hb 2:17; 2Co 5:21). Eles são as iniquidades de todos os remidos. Ao tomá-los sobre Si, Ele executou a vontade de Deus ao máximo.

Os males e iniquidades que virão sobre o remanescente na grande tribulação constituem um número incontável. Os cabelos da cabeça indicam uma quantidade que não pode ser contada por nós (cf. Sl 69,4). Deus é capaz de fazer isso (Mateus 10:30). O que vem sobre o salmista e sobre o remanescente o afetou tanto que seu coração falhou com ele.

Quanto à aplicação a Cristo, Deus sabe perfeitamente quais pecados Cristo teve de suportar. Para Cristo, tudo o que Ele teve de suportar é imensurável, mais do que qualquer homem pode conceber.

Em sua grande angústia, o salmista clama que agrade a Deus libertá-lo e vir em seu socorro em breve (Sl 40:13). Diante desse sofrimento insondável, de uma gravidade além da imaginação humana, o Senhor Jesus no Getsêmani “ofereceu orações e súplicas com grande clamor e lágrimas Àquele que o podia salvar da morte, e foi ouvido por causa de Sua piedade” (Hb 5:7). Ao mesmo tempo, também é evidente Sua perfeita obediência em se render à vontade do Pai (João 18:11).

Sl 40:14-16 distingue entre os fiéis e as massas apóstatas do povo judeu. A pedra de toque será a atitude tomada para com o Cristo sofredor. A massa buscou a vida de Cristo e O matou e se deleitou em Sua dor (Sl 40:14).

A pergunta legítima de Cristo a Deus é envergonhá-los e humilhá-los juntos. Eles devem voltar e ser desonrados, pois tentaram impedi-lo de fazer a obra de Deus e testificar de Deus. Tais adversários, como recompensa pela reprovação que derramaram sobre Ele, devem ficar horrorizados ou desolados, isto é, tornar-se como um campo onde nada cresce (Sl 40:15).

Eles riram zombeteiramente Daquele que veio a eles da parte de Deus para salvá-los. Cristo tornou-se objeto de escárnio, especialmente no final de Seu caminho de obediência. Quando Ele está pendurado na cruz, Seus adversários se divertem em regozijar-se com Ele. Aqueles que zombam da benignidade de Deus desta forma merecem julgamento.

Para aqueles que buscam a Deus, Cristo pede o contrário (Sl 40:16). Ele nunca busca sua própria glória, mas sempre a de seu Deus. Ele quer que aqueles que buscam a Deus se regozijem e se alegrem no próprio Deus. Todos os que amam a salvação de Deus são aqueles que se regozijam no caminho da salvação que Deus deu em Cristo. Eles aceitaram essa salvação e se regozijam por terem sido salvos da escravidão do pecado. Eles não podem deixar de “dizer continuamente: Magnificado seja o SENHOR!”

Salmos 40:17 (Devocional) 

O Senhor está atento a mim

Este versículo nos traz de volta a todos os sofrimentos que o Senhor suportou. Quando Ele pede que nos regozijemos na salvação de Deus e nos resultados gloriosos de Sua obra, nunca devemos esquecer as circunstâncias em que Ele esteve. Ele mesmo nunca esquece que esteve “aflito e necessitado”. Sabemos que Ele fez isso por nossa causa, para que por meio de Sua pobreza pudéssemos nos tornar ricos (2Co 8:9). O mesmo é verdade para o remanescente crente “aflito e necessitado” (Mateus 5:3).

Em todas as circunstâncias, Ele sabe que Deus se preocupa com Ele. Ele pode ser abandonado e esquecido por todos, mas não por Deus. Ele se apega a isso. Ele sabe que Deus é Seu Ajudador e Libertador. Volta-se para Ele e pede-Lhe que não espere mais pela Sua salvação. Isso não fala de desespero, mas de uma confiança perfeita. Ele sempre continuou a confiar em Seu Deus.

Ele é o exemplo para o remanescente crente no tempo da grande tribulação. Ele também é o grande exemplo para nós nas provações e sofrimentos que experimentamos por causa do Seu Nome. Podemos suportar todas as tribulações se confiarmos que Deus não se esqueceu de nós, mas está atento a nós, mesmo que todos nos abandonem. Deus nunca deixa de estar atento a nós.

O que o Salmo 40 me ensina sobre Deus?

O Salmo 40 é um salmo de louvor e ação de graças, no qual o salmista expressa sua gratidão pela fidelidade e salvação de Deus. Aqui estão algumas lições importantes que podemos aprender com este salmo:

Deus é fiel: O salmista reconhece que Deus é fiel às Suas promessas e está sempre presente para ajudar Seu povo. O salmista diz: “Esperei com paciência no Senhor; ele se inclinou para mim e ouviu meu clamor. Ele me tirou da cova da destruição, do pântano lamacento, e pôs meus pés sobre uma rocha, firmando meus passos” (versículos 1-2). Este versículo mostra que Deus é fiel e virá em nosso auxílio quando O invocarmos.

Deus é misericordioso: O salmista reconhece que Deus é misericordioso e perdoa nossos pecados. O salmista diz: “Pôs um novo cântico na minha boca, um cântico de louvor ao nosso Deus. Muitos verão e temerão, e confiarão no Senhor. Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança, que não se volta para os soberbos, para os que se desviam após a mentira! Tu multiplicaste, ó Senhor meu Deus, as tuas maravilhas e os teus pensamentos para conosco; ninguém se compara a você! Vou proclamá-los e anunciá-los, mas eles são mais do que se pode contar” (versículos 3-5). Este versículo mostra que Deus é misericordioso e perdoa aqueles que confiam nEle.

Deus se deleita na obediência: O salmista reconhece que Deus se deleita na obediência e submissão à Sua vontade. O salmista diz: “Sacrifício e oferta não quiseste, mas deste-me ouvidos abertos. Oferta queimada e oferta pelo pecado você não exigiu. Então eu disse: ‘Eis que vim; no rolo do livro está escrito a meu respeito: Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; a tua lei está dentro do meu coração’” (versículos 6-8). Este versículo mostra que Deus deseja nossa obediência e submissão à Sua vontade.

Deus é nossa ajuda e nosso libertador: O salmista reconhece que Deus é nossa ajuda e nosso libertador em tempos de angústia. O salmista diz: “Quanto a mim, sou pobre e necessitado, mas o Senhor cuida de mim. Tu és minha ajuda e meu libertador; não demores, ó meu Deus!” (versículo 17). Este versículo mostra que Deus é nossa ajuda e nosso libertador quando precisamos.

No geral, o Salmo 40 nos ensina que Deus é fiel, misericordioso, se deleita na obediência e é nosso auxílio e nosso libertador. Ela nos encoraja a confiar em Deus e a louvá-lo por Sua fidelidade e salvação.

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