Salmo 2 — Estudo Teológico das Escrituras

Estudo Teológico das Escrituras




Salmo 2


RESUMO: Este salmo real pode ter sido composto para a coroação de um rei de Judá, em Jerusalém, no tempo após Davi. Não podemos identificar o cenário histórico específico. A liturgia celebra a ascensão ao trono e o lugar vital do rei na vida da comunidade. O recital do salmo pelo rei na entronização, ou em uma cerimônia anual que encenou a coroação, expressou confiança em um momento muitas vezes marcado por distúrbios políticos, tanto dentro como fora da nação. Sua mensagem está no foco claro, não na luta dos poderes terrenos por sua existência, mas em Deus como Senhor da Terra, como o Rei dos reis, com quem todas as nações devem contar. O Salmo 2 trata da questão do poder: onde reside o poder para controlar a história mundial? A resposta retumbante do salmo: O poder reside no Senhor dos céus, e o seu ungido é rei na colina sagrada de Sião. A identificação posterior desse salmo com Jesus como o Messias, a extensa citação desse salmo no NT e sua mensagem marcante para hoje - sugerem que os escritores do salmo frequentemente escreviam mais do que sabiam. Essa é a notável intemporalidade desses escritos antigos!



Comentário a Salmos 2

2.1-12 Às vezes, o Sl 2 é colocado ao lado do Sl 1 no papel de introduzir o Saltério (cf. “Bem-aventurado” em 1.1; 2.12). Parece, também, que a função do Sl 1 é revelar os dois “caminhos” diferentes para as pessoas, enquanto o Sl 2 segue com essa aplicação para as nações. Esse salmo é normalmente chamado de “real” e tem uma longa história de interpretação messiânica. Apesar de não ter um título, parece trazer a assinatura de Davi. Como tal, move-se facilmente do Davi menor, passando por toda a dinastia davídica e indo até o Grande Davi - Jesus Cristo. O Sl 2, progressivamente, dirige o seu foco poético sobre quatro cenas vividas relacionadas ao motim da humanidade contra Deus: 


I. Cena 1: A rebelião humana (2.1-3) 
II. Cena 2: A reação divina (2.4-6) 
III. Cena 3: O governo divino (2.7-9) 
IV. Cena 4: A responsabilidade humana (2.10-12)

2.1 imaginam coisas vãs. Essa é a ironia na depravação do homem — imaginar, conspirar e planejar o vazio (cf. Sl 38.12; Pv 24.2; Is 59.3,13)

2.2 contra... contra. Nações e povos, liderados pelos seus reis e príncipes (v. I) direcionam sua hostilidade contra o Senhor e seu Ungido. O mediador representante, consagrado e comissionado era uma referência a Davi num sentido próximo, e ao Messias, isto é, a Cristo, em seu sentido absoluto (cf. At 4.25-26).

2.3 seus laços... suas algemas. A humanidade amotinada, em vez de compreender que esses são laços do amor de Deus (Os 11.4), interpretou-os como jugo/algemas (Jr 5.5).

2.5 Depois de zombar deles com sua risada de desprezo divino, Deus fala e age em sua fúria perfeitamente equilibrada

2.6 constituí. O insignificante desafio feito por eles (v. .3) é respondido pelo seu forte pronunciamento, que praticamente já está realizado: seu Rei será entronizado no mais alto monte de Jerusalém.

2.7 Proclamarei o decreto. O mediador estabelecido declara agora a ordem de entronamento previamente dada pelo Senhor. Tu és meu Filho. Essa afirmação evoca a passagem de 2Sm 7.8-16 como a base para o reino davídico. É também a única referência no AT para o relacionamento Pai/Filho na Trindade, estabelecida na eternidade passada e demonstrada na encarnação; portanto, a parte mais importante do NT. hoje, te gerei. Essa declaração expressa os privilégios do relacionamento, com sua aplicação profética ao Filho — o Messias. Esse versículo é citado no NT em referência ao nascimento de Jesus (Hb 1.5-6) e também à sua ressurreição (At 13.33-34), como confirmações terrenas.

2.9 regerás... despedaçarás. A absoluta soberania do “rei dos reis” é retratada em seu poder subjugador. No original, a mesma palavra designa a “varai” usada pelo pastor e o “cetro” usado pelo rei. No pensamento do Oriente Próximo, as imagens do pastor e do rei muitas vezes se fundiam (cf. Mq 7.14).

2.10-12 O tom desses versículos é surpreendente. Em vez do julgamento imediato, o Senhor e seu Ungido oferecem uma oportunidade de arrependimento. Cinco ordens colocam a responsabilidade sobre a humanidade amotinada.

2.12 Beijai o Filho. Esse ato simbólico demonstraria compromisso de fidelidade e submissão (cf. 1Sm 10.1; 1Rs 19.18). A palavra hebraica usada aqui para “filho” não é a mesma do v. 7, mas seu correspondente no aramaico (cf. Dn 7.13), que é um termo que seria especialmente apropriado para essas ordens, quando dirigidas “nações” (v. 1). pereçais no caminho. Essas palavras referem-se ao grande fardo do Sl 1