Estudo sobre Gênesis 23

Gênesis 23 Morte e sepultamento de Sara

Agora que Abraão passou no teste final, ele passa os dias restantes resolvendo seus assuntos: comprando um cemitério para sua esposa Sara, garantindo uma esposa para seu filho Isaque e distribuindo seus bens antes de sua própria morte. Os versículos 1-2 fornecem informações básicas no estilo de P, a provável fonte do episódio. Nos versículos 3-18 Abraão negocia a compra de um terreno para um cemitério. As negociações decorrem por etapas: primeiro, como peregrino na terra, ele solicita à população local um cemitério. Eles respondem de maneira favorável e respeitosa, convidando-o a escolher o pedaço de terra que prefere (vv. 3-6). Nos versículos 4-15 a expressão “sepultar o morto” aparece sete vezes, sempre com uma palavra possessiva que expressa relacionamento, amor e respeito e destaca o propósito do pedido de Abraão. Nos versículos 7-11 ele designa a caverna que gostaria e pede ao conselho que faça o seu pedido ao dono do terreno, conforme o costume. O proprietário se oferece para dar a caverna e o campo ao redor a Abraão.

Aprendemos nos versículos 12-18 que Abraão prefere comprar a terra e avalia o preço estipulado. O seu pedido de compra da propriedade levanta duas dificuldades: primeiro, ele é estrangeiro e normalmente não tem direito a comprar terras (Lv 25:23); e segundo, os proprietários de terras são muito relutantes em desistir de suas terras (1Rs 21:3). Estas negociações ocorrem na presença de testemunhas porque se trata de um acordo oral, e não escrito.

O processo de aquisição de terras para sepultamento repercutiu no povo durante o exílio na Babilônia, quando eles não tinham terras para chamar de suas. Os editores do P incorporaram essa preocupação na história ancestral de tal forma que o episódio se enquadra tanto na narrativa ancestral quanto na perda exílica de terras.

Notas Adicionais

A morte de Sara (v. 1,2) é adequadamente registrada após a apresentação de Rebeca ao leitor. Parece que a essa altura Abraão deixou Berseba (cf. 22.19) e voltou para Manre, que ficava bem próximo de Hebrom, na época conhecida como Quiriate-Arba (v. Js 14.15). Manre aparentemente era o centro principal de Abraão, mas sua vida seminômade significava que ele não possuía propriedade alguma (cf. At 7.5). Essa situação era bastante natural e também um testemunho de sua fé (cf. Hb 11.8ss, v. 13-16); mas um defunto exige um lugar de descanso definitivo! E por isso Abraão se pôs a adquirir uma propriedade para sepultura (v. 20). Ele escolheu a caverna de Macpela (v. 9), perto de Manre (v. 19). Este seria o último lugar de descanso para a maioria dos patriarcas; o lugar (provavelmente autêntico) pode ser visitado ainda hoje em Hebrom. Foi a primeira propriedade de Abraão, e portanto de Israel, em Ganaã.

A maior parte do capítulo ocupa-se com os detalhes da compra, pois a caverna era propriedade de um membro de um grupo local dos hititas (v. 3). As referências a hititas no AT ainda são intrigantes, pois se sabe que os hititas eram um povo importante da Ásia Menor, a Turquia de hoje, e só o AT os associa com a Palestina. E discutível, portanto, se havia, digamos, colônias de mercadores hititas na Palestina, ou se o termo bíblico se refere a dois povos bem distintos, um dos quais era um pequeno grupo cananeu. A primeira posição pode ser sustentada no mínimo pelo fato de que alguns documentos de propriedade hititas encontrados na Ásia Menor apresentam algumas semelhanças extraordinárias com a história contada aqui (e.g., a menção específica de árvores, v. 17). Por outro lado, poucos dos detalhes — se é que existem — parecem peculiares aos hititas. (Cf. K. A. Kitchen, Ancient Orient and Old Testament, p. 154ss.)

E evidente que com grande cortesia e habilidade oriental na barganha, Efrom persuadiu Abraão a comprar mais do que era a sua intenção e a pagar um alto preço pelo lugar (v. 10-16). Mas Abraão pagou prontamente, sem pechinchar; ele não devia nada a ninguém, ele agiu como um príncipe de Deus (v. 6). Mais tarde, o povo de Israel sempre pôde estar certo de que Macpela lhe pertencia completamente; mas era apenas o embrião de uma herança muito maior.

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