Estudo sobre Gênesis 28

Gênesis 28: Jacó em Betel

Tal como no relato da viagem do servo para encontrar uma esposa para Isaque, aqui aprendemos apenas o essencial da viagem de Jacó, exceto um evento que ocorre ao longo do caminho. Ele passa a noite, aparentemente ao ar livre, em um lugar que tem algo especial. Lá ele tem um sonho em que o Senhor dá a Jacó a promessa de descendentes e terras. Jacó recebeu essa promessa de seu pai antes de partir em sua viagem. Agora ele recebe isso diretamente de Deus. O nome da divindade é “Senhor”, o Deus de seu pai e avô. Esta identificação deixa claro que, embora Jacó provavelmente esteja dormindo num santuário dedicado a uma divindade local, o Deus que fala com ele ali não é o deus local, mas o Deus que cuida de sua família há várias gerações.

O Senhor reitera as promessas de terra, descendentes, nação e bênção divina. Quando Jacó percebe que encontrou o Senhor, ele pega o travesseiro de pedra, coloca-o verticalmente e derrama óleo sobre ele para designá-lo como sagrado porque sua cabeça descansou sobre ele durante seu sonho revelador. É, portanto, uma testemunha do evento (ver Josué 24:27). Jacó não constrói um altar, como fez seu avô Abraão para marcar os lugares onde se encontrou com o Senhor. Em vez disso, ele consagra a pedra e depois aceita formalmente os termos do seu encontro com Deus. Ele chama o lugar de Betel, ou Casa de Deus, o lugar perto de onde Abraão construiu um altar (12:8).

Esta história tem um elemento da vertente E em que os sonhos são um importante meio de comunicação divina com os humanos. Sonhar é um ato fora do controle humano, que ocorre em um reino ao qual não podemos acessar por nossos próprios esforços. Muitas vezes obtemos informações valiosas enquanto sonhamos; os povos antigos entendiam isso como revelações de Deus.
Notas Adicionais

Tendo colocado medo em Jacó para que fugisse de casa em busca de refúgio, agora Rebeca persuadiu o pai dele a fazer Jacó sair de casa para buscar uma mulher adequada para ele. Assim a família escolhida poderia manter a pureza racial por mais uma geração; tanto Isaque quanto Jacó se casaram com mulheres da parentela de Abraão na região de Harã (cf. v. 10) — uma região conhecida por Padã-Arã, “a planície de Arã (Síria)” (28.2). Esaú casou-se com atraso com outra parenta de Abraão, numa tentativa um tanto patética e inútil de conquistar o favor dos seus pais (v. 69). As experiências de Jacó são um contraste interessante com os eventos relatados no cap. 24, pois Isaque mesmo nunca havia deixado a terra prometida, e o servo de Abraão havia trazido Rebeca para Canaã num prazo muito pequeno; seria muito diferente no caso de Jacó.

A jornada para o norte de Berseba (v. 10) fez Jacó passar ao lado de Betei, onde parou para descansar, fazendo assim o caminho inverso de Abraão quando este se dirigia para o sul (12.8,9). Abraão tinha erigido um altar ali, um precedente para adoração israelita posterior, mas foi a ligação de Jacó com o lugar sagrado que fez dele um santuário muito importante mais tarde para o Reino do Norte. O v. 19 parece distinguir o lugar (i.e., a área sagrada, onde seria construído o templo de Betei) de outra cidade já existente (cf. 12.8), que tinha o nome de Luz até a conquista de Canaã por parte do povo de Israel (cf. Jz 1.23,26). Depois disso, o nome do santuário foi dado à cidade também. O nome Betei, “casa de Deus”, derivou-se da experiência de Jacó ali (v. 17). O sonho de Jacó não somente imprimiu nele o sentimento fantástico da presença de Deus, mas também revelou Betei como um templo na fase embrionária: naquele tempo, era um pensamento comum que houvesse uma escada (v. 12; o mais correto seria “escadaria”) ligando um templo celestial ao templo terreno em que Deus (ou deuses, nas religiões pagãs) se dignava a encontrar seus adoradores e receber as ofertas deles. Os anjos vão e vêm à ordem dele nas suas tarefas e ministrações (cf. Jo 1.51). Há alguns contrastes interessantes entre Betei e Babel. (Cf. The Daily Commentary, Scripture Union, v. 1, p. 40.)

Esse foi, então, o primeiro encontro direto de Jacó com o Senhor, que havia se revelado de forma semelhante a Abraão e Isaque (v. 13). Ele havia se tornado Deus deles, por meio de um relacionamento de aliança (cf. Hb 11.16); lemos isso acerca de Abraão (caps. 15,17) e podemos deduzir o mesmo no caso de Isaque. Jacó, de sua parte, agora fez a sua aliança com Deus; nesse caso, ele mostra o seu caráter na forma em que barganha com Deus (v. 20ss), mas o destaque maior é dado às promessas de Deus (v. 13ss), nas quais suas promessas anteriores a Abraão e a bênção de Isaque sobre Jacó (v. 4) são confirmadas. Uma característica interessante da resposta de Jacó é a sua iniciativa de separar o dízimo (v. 22). A pedra memorial, colocada como coluna, tinha um bom propósito; mas em dias posteriores essas colunas levaram à idolatria, em virtude da influência da adoração a Baal (cf. Mq 5.13).

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