Estudo sobre Gênesis 40
Gênesis 40: José na prisão
Eventualmente, o Faraó mandou encarcerar dois oficiais reais na mesma prisão que José. Seu dom de interpretar sonhos é útil quando ambos os funcionários têm sonhos perturbadores na mesma noite. José se oferece para interpretar os sonhos, reconhecendo que sua habilidade vem de Deus. Esta afirmação dissocia sua habilidade daquela dos mágicos da corte do Faraó, cujas funções incluem a interpretação de sonhos. Ambos os sonhos envolvem o número três, um número que significa conclusão. Aqui o número representa o número de dias até que os sonhos se concretizem. A numerologia era frequentemente associada à sabedoria no mundo antigo. A capacidade de José de interpretar números demonstra que ele possui o dom divino da sabedoria.O sonho do copeiro, que ele repete nos versículos 9-11, refere-se ao seu dever na corte: como copeiro, ele segura o copo do qual bebe o Faraó. Seu caráter deve ser irrepreensível porque é sua responsabilidade garantir que ninguém envenene o Faraó. José interpreta o sonho, anunciando ao copeiro que em breve será libertado da prisão. José pede em troca que o copeiro providencie sua libertação o mais rápido possível. Então o padeiro repete o seu próprio sonho que, como o do copeiro, se relaciona com o seu ofício. Desta vez, a interpretação de José prenuncia um resultado infeliz. Em três dias, o tempo designado em ambos os sonhos, ambas as interpretações de José revelam-se corretas: o copeiro é restaurado ao seu cargo e o padeiro é empalado durante um banquete de aniversário em homenagem ao Faraó. O copeiro não se lembra de José, mas esquece-se completamente dele. O seu esquecimento prenuncia a eventual experiência dos descendentes de Jacó no Egito, quando “um novo rei, que nada sabia sobre José, subiu ao poder” (Êxodo 1:8).
Notas de Estudo
O destino de José era passar um tempo considerável na prisão (v. 1; cf. 41.1). A experiência serviria para preparar o caminho para o passo seguinte na sua carreira, embora não da forma que esperava. Esse pedido de ajuda, tão natural ao ser humano (v. 14), caiu em ouvidos surdos, ou melhor, em ouvidos esquecidos (v. 23). Assim, mais uma vez se destaca que Deus e somente Deus estava no controle da vida de José. O capítulo também destaca o fato de que apenas Deus pode conceder o dom de interpretação de sonhos (v. 8). Os sonhos têm um papel relativamente pequeno na Bíblia como um todo, mas são um tema-chave na carreira de José. Em geral, a Bíblia não sugere que normalmente os sonhos transmitam orientação de Deus; a sua importância nesse contexto egípcio corresponde à importância atribuída a eles pelos antigos egípcios, que escreviam tratados “científicos” com base na interpretação de sonhos. O desânimo dos dois prisioneiros distintos — ambos eram oficiais do palácio, cuja “ofensa” (cf. v. 1) pode ter sido política — sem dúvida era devido ao fato de que na prisão não tinham possibilidade de consultar os experts da interpretação de sonhos. A resposta de José (v. 8) é tanto polêmica (desdenhosa em relação a tais “experts”) quanto tranquilizadora (visto que ele é um homem que está em contato com Deus).
Os dois sonhos são bastante semelhantes, mas proporcionam um contraste interessante com os do próprio José (37.5-11). O último não tinha necessitado de interpretação alguma, pois o seu significado era por demais óbvio; o sonho do chefe dos copeiros não era tão obscuro assim, mas o que o perturbava eram os três ramos (v. 10); o sonho do chefe dos padeiros, no entanto, era realmente enigmático. A explanação de José indicou a grande diferença de destinos que aguardavam os dois homens, mas destacou as semelhanças exteriores ao repetir a importante frase: “Faraó vai levantar a sua cabeça” (v. 13,19; em hebraico, é a mesma frase nos dois versículos). Essa expressão idiomática normalmente expressava favor, como no caso do copeiro, mas o seu significado seria mais literal e pavoroso para o padeiro. A continuação breve (v. 20-23) demonstra o poder de Deus tanto no cumprimento exato das predições quanto no fracasso da ajuda humana para José. A soltura de um prisioneiro no dia do aniversário do faraó (v. 20) é um dos detalhes dos capítulos que tratam de José que tem sido verificado com base nos registros egípcios, nesse caso, na famosa Pedra de Roseta, que forneceu as primeiras pistas para a decifração e compreensão da antiga língua egípcia.
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