Estudo sobre Gênesis 27
Gênesis 27
A perda do direito de
primogenitura (27.1-45)
Esaú já havia aberto mão do
direito de filho mais velho na herança do seu pai (25.29-34); agora, em uma das
narrativas mais vívidas de Gênesis, ele também abre mão da bênção testamentária
do seu pai. A primeira perda havia sido em grande parte por sua própria
culpa (v. 36), como ele mesmo expressa num trocadilho amargo e triste
acerca do nome do seu irmão (v. o comentário de 25.26). E uma
história que mostra o comportamento e as motivações humanas no seu pior
nível: favorecimento, engano, ingenuidade tola e índole vingativa e
homicida. Mesmo assim, vemos por trás de todas as palavras e atos
a mão soberana de Deus, cujos planos não seriam frustrados, nem mesmo
colocados em risco. Há um aspecto legal no pano de fundo da história
no fato de que as orientações de um moribundo tinham força de lei na
cultura daqueles dias (cf. J. A. Thompson, op. cit.); e Isaque pensou
que estava morrendo (v. 2), embora tenha vivido ainda por muitos
anos. Além disso, a palavra falada tinha validade e continuidade que
não são comuns no nosso mundo ocidental; nem bênçãos nem maldições podiam
ser anuladas ou revogadas. Isaque reconheceu esse fato (v. 33), embora
isso fosse contrário à sua inclinação do momento. Ele tinha um amor
por Esaú comparável ao de Abraão por Ismael; mas, em ambos os casos,
Deus foi soberano, mostrando a sua escolha e propósito supremos.
A trapaça de Jacó foi
talvez menos culpável do que a de sua mãe, mas ele acrescentou uma mentira
direta (v. 19) com a quase blasfêmia do v. 20 (cf. NTLH: “o Senhor,
seu Deus, me ajudou”). Pode ser observado que, embora a bênção
estivesse garantida para os seus descendentes, tanto ele quanto
Rebeca mereceram o seu próprio castigo, em um exílio que não durou o
breve algum tempo (lit. “alguns dias”, v. 44) que Rebeca esperava,
mas muitos e longos anos — mãe e filho nunca mais se encontraram.
Para os descendentes de
Jacó, a bênção seria fertilidade da terra e domínio político (v. 28,29).
Uma promessa semelhante não podia ser pronunciada sobre Esaú, que herdaria
a região montanhosa, pedregosa e infértil de Edom (v. 39). (Há aspectos
ambíguos no v. 39, mas o significado deve ser que Esaú seria privado de
“riquezas” (NIV; terras férteis, NVI) e do orvalho; assim dizem
as traduções modernas em contraste com a VA. Mas exatamente a
hostilidade do ambiente em que viveria faria de Esaú um lutador,
que nunca aceitaria facilmente nem por muito tempo o domínio
israelita (v. 40).
Rebeca tinha medo de perder
os dois filhos (v. 45): o assassinato de Jacó, se ocorresse, exigiria
vingança e castigo, e, assim, Esaú também estaria perdido para ela.
Índice: Gênesis 1 Gênesis 2 Gênesis 3 Gênesis 4 Gênesis 5 Gênesis 6 Gênesis 7 Gênesis 8 Gênesis 9 Gênesis 10 Gênesis 11 Gênesis 12 Gênesis 13 Gênesis 14 Gênesis 15 Gênesis 16 Gênesis 17 Gênesis 18 Gênesis 19 Gênesis 20 Gênesis 21 Gênesis 22 Gênesis 23 Gênesis 24 Gênesis 25 Gênesis 26 Gênesis 27 Gênesis 28 Gênesis 29 Gênesis 30 Gênesis 31 Gênesis 32 Gênesis 33 Gênesis 34 Gênesis 35 Gênesis 36 Gênesis 37 Gênesis 38 Gênesis 39 Gênesis 40 Gênesis 41 Gênesis 42 Gênesis 43 Gênesis 44 Gênesis 45 Gênesis 46 Gênesis 47 Gênesis 48 Gênesis 49 Gênesis 50