Estudo sobre Gênesis 35

Estudo sobre Gênesis 35

Estudo sobre Gênesis 35


Gênesis 35

Retomo a Betei (35.1-15)
O capítulo descreve Jacó indo na direção sul em etapas de Siquém a Manre (v. 27); Betei (v. 6) fica a meio caminho e de fato é um lugar de importância central. Havia muito tempo Jacó tinha prometido voltar para lá (28.20ss) e feito uma promessa de ali adorar o Deus que lhe havia aparecido. O retorno a Betei, portanto, tem todas as características de uma peregrinação (v. 2ss); pode ser que depois disso Betei se tornou um lugar de peregrinação para pessoas da região de Siquém, como defende Von Rad. De qualquer forma, por muitos anos Betei certamente foi o santuário mais importante do Reino do Norte, quando muitos adoradores iam para lá em peregrinação. A autopurificação certamente seguiu padrões gerais de comportamento; mas aí a ênfase está no monoteísmo, visto que tudo de natureza pagã era rejeitado. (Imagina-se que os brincos [v. 4] nas orelhas fossem feitiços de algum tipo.) Num mundo de muitas divindades e diferentes religiões, o povo emergente de Israel recebeu a instrução acerca da natureza e da essência do verdadeiro Deus por meio da sua auto-revelação — seus nomes, suas exigências e suas promessas. Nesse trecho são usados dois nomes divinos, El-Betel (“Deus de Betei”) e Deus todo-poderoso (“El-Shaddai”), nos v. 7,11.
Nos v. 1-7, as ações de Jacó são o centro das atenções (embora Deus aja no v. 5 protegendo os peregrinos), enquanto nos v. 9-12 temos a resposta divina, renovando as promessas feitas a Abraão. A experiência deu a Jacó mais um motivo para estabelecer uma nova coluna de pedra memorial e chamar o lugar de Betei (v. 14,15); cf. 28.17ss.
O nome da ama de Rebeca (v. 8), cf. 24.59, não aparece em outro lugar na Bíblia; pode-se perguntar por que ela havia deixado Manre. A única razão da sua menção é o interesse do autor no lugar do seu túmulo, perto de Betei.

Questões familiares (35.16-29)
Esse trecho consiste em vários parágrafos breves, de certa forma desconexos, mas juntos formam uma boa seção de transição em Gênesis. Diversas histórias são concluídas aqui, quando são relatadas a morte e o sepultamento de Raquel e Isaque; o nascimento de Benjamim completa a família de Jacó, de forma que agora os seus doze filhos podem ser listados (v. 22-26). (O v. 26 certamente não tem a intenção de sugerir que Benjamim tenha nascido em Padã-Arã, e sim que os outros onze irmãos nasceram lá.) De certa forma, a história de Jacó termina aqui; ele ainda viveu por muitos anos, mas já não é o centro das atenções desse capítulo. As atenções se voltam agora para os seus filhos, especialmente José. Um dos filhos, Rúben, já está sendo destacado (v. 22); esse episódio coloca o fundamento para 49.3,4. Os três filhos mais velhos de Jacó tinham agora desprezado o seu direito de filho mais velho, dando esse lugar de honra a Judá.
É enigmático que a morte e o sepultamento de Raquel sejam ligados a Efrata, visto que ela faleceu a certa distância (v. 16) de lá. O túmulo de Raquel estava localizado no território de Benjamim (cf. ISm 10.2), enquanto
Belém (v. 19) fica a quase 20 km mais ao sul — adiante de Jerusalém, aliás. Alguns estudiosos tentaram encontrar outro local com o nome de Efrata; uma alternativa seria que uma estrada levasse diretamente de Betei a Efrata e tivesse o nome de caminho de Efrata (v. 19).