Estudo sobre Gênesis 4
Gênesis 4
Caim e Abel (4.1-16)
Agora passamos a conhecer
uma série de eventos que nos mostram quão rapidamente os resultados da
Queda são revelados. Como foi dito em 3.7, os primeiros efeitos do pecado
foram observados na família, e é em harmonia com isso que o primeiro homicídio
é um fratricídio.
O homicídio ocupava uma
posição singular entre os pecados do AT. E o único para o qual é ordenada de
forma universal a pena capital, totalmente à parte da lei do Sinai
(9.6). A razão principal disso é que é o único ato para o qual a
reparação não é possível, pois a vida é uma dádiva de Deus. Até mesmo
tirar a vida de um animal para servir de comida deveria reconhecer
esse princípio (9.4).
4:1. com o auxílio
do Senhor tive um filho homem: comentários medievais, assim
como alguns comentários posteriores, entendiam que as palavras de
alegria de Eva significavam: “Eu recebi um homem, até Javé”, como se ela
estivesse pensando que Caim fosse o cumprimento da promessa de 3.15. Isso
é muito improvável, embora seja uma tradução possível do hebraico. Por
outro lado, o seu reconhecimento de que o seu filho era uma dádiva de
Javé mostra a sua confiança crescente em Deus (cf. 4.25).
As ofertas dos irmãos (v.
3-7). Não há menção de tensão anterior entre os dois irmãos. Veio o dia em que
apresentaram uma oferta (minhãh) a Javé. A palavra
usada significa um presente, dádiva, e é o termo geralmente usado para o
tributo entregue a um governante. Não deveríamos impor sobre
os sacrifícios dos irmãos nenhum significado redentor, cf. 8.20; eles
eram o reconhecimento da soberania de Javé. Os dois deram do que tinham, e
assim Leupold certamente está correto quando diz: “Os que enxergam o mérito
do sacrifício de Abel no fato de que era de sangue certamente o fazem sem
a mínima base no texto”. Não lemos no texto como Caim descobriu que o
seu sacrifício não havia sido aceito. A razão da rejeição
está sugerida no v. 7: “Se você fizer o bem”. E provável que ele se negasse
a aceitar o senhorio de Deus (cf. v. 13).
O hebraico do v. 7 é de
difícil compreensão, mas pode-se afirmar que o sentido geral é dado pela BJ
quando considera o pecado um animal faminto e voraz. E digna de menção a
tradução de Speiser: “o pecado é um demônio à porta”.
4:8. Disse, porém, Caim
a seu irmão Abel: “Vamos para o campo'''-, i.e., o campo aberto. Esse
acréscimo (vamos para o campo) ao TM é exigido pelo uso lingüístico
do hebraico e tem apoio no PS, LXX, Vulgata e Versão Siríaca. Sugere
que o homicídio de Abel foi premeditado.
A resposta de Caim à
pergunta de Deus (v. 9) mostra que ele havia perdido a percepção de nudez
que Adão teve diante de Deus (3.10). Que Caim não teve remorso algum fica
claro pela sua sugestão de que Deus estava sendo injusto com ele (v.
13). A colocação de um sinal, não especificado, em Caim (v. 15)
não entra em contradição com o que foi dito anteriormente acerca da
natureza obrigatória da pena de morte pelo homicídio. O sangue
de Abel estava clamando por vingança diante de Deus (v. 10) e por
isso a iniciativa pela vingança não era responsabilidade de outros.
4:16. na terra de Node.
i.e., a terra da peregrinação, terra de nômades, v. 17. Caim teve relações
com sua mulher, não há razão para se questionar a explicação tradicional
de que ela era sua irmã (cf. 5.4). fundou uma cidade (‘ir): embora
a NVI em geral tenha mantido o termo “cidade” para ‘ir, ele na verdade
significa um assentamento fortificado, independentemente do tamanho.
Evidentemente, um bom número de conhecidos de Gaim o seguiu. Esse é
mais um passo escada abaixo. Se o muro era uma proteção de possíveis
inimigos ou de feras selvagens, os que deveriam dominar mostram o seu
medo de serem dominados.
Os descendentes de Gaim (4.17-24)
Embora, em virtude do Dilúvio,
os descendentes de Caim não viessem a ter papel decisivo na história da
humanidade, essa lista genealógica mostra que Deus não os esqueceu; são
incluídos no escopo da salvação de Deus tanto quanto outros que
morreram antes da época do Salvador.
A menção do desenvolvimento
das artes e das habilidades profissionais dos artífices parece sugerir que os
efeitos do conhecimento do bem e do mal se tornaram
especialmente evidentes entre os descendentes de Caim.
4:19. Lameque: aqui
temos a primeira menção de poligamia que, ao contrário de opiniões
superficiais e populares, é muito menos freqüente no AT do que muitas
vezes se supõe. Quando a encontramos, geralmente há uma razão que parece válida
para a ocorrência específica, mas aqui não há sugestão disso. Lameque não
está exigindo uma vida por uma vida, mas uma vida por um golpe (cf. Ex
22.23,24), e ainda reivindica sanção divina para o seu ato.
O relato dos descendentes
de Caim é interrompido aqui, pois Lameque é a explicação suficiente para o
desaparecimento deles.
Sete e seus descendentes (4.25— 5.32)
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