Comentário da Carta de Tiago 1:10-11
E o rico, sobre a sua humilhação...
O rico, quando obtém conhecimento da verdade, aprende que aquilo em que antes confiava — sua riqueza — é transitório. Passa então a discernir claramente “o poder enganoso das riquezas”. (Mat. 13:22) Isto resulta em humilhação para ele, ao passo que se lhe ajuda a ver a si mesmo e a seus bens na perspectiva correta. Ele se dá conta de que gastar tempo e esforço na ávida busca de riquezas é um desperdício e tende a destruir a espiritualidade, bem como, muitas vezes, a saúde física. (1 Tim. 6:9, 10) Comparados com as duradouras riquezas espirituais, os bens materiais e uma posição elevada no mundo não são nada. (Veja Filipenses 3:8.)
Em vez de altivez, amiúde em resultado das riquezas, o espírito de Cristo é de despretensão e humildade. (Fil. 2:3-8) Pode-se observar também que o rico, no mundo, é tido em alta estima. Mas, quando se torna verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, os outros talvez comecem a menosprezá-lo. (Veja João 7:47-52; 12:42, 43.) Visto que está de posse das riquezas espirituais mais valiosas, a pessoa tem muitos motivos para exultar com a sua humilhação.
Porque ele passará como a flor da vegetação...
A flor pode ser muito bela, similar ao rico na sua roupa esplêndida e com os seus valiosos bens. Mas a flor murcha e seca. Do mesmo modo, o rico não se pode manter indefinidamente vivo. Ele também passará na morte. As riquezas não são de valor algum em prolongar a duração limitada da vida. (Veja Salmo 49:6-9; Mateus 6:27.)
Pois o sol se levanta com o seu calor ardente e murcha a vegetação, e a flor dela cai e a beleza da sua aparência externa perece...
Não importa quão vicejante seja a vegetação, vem uma época de estio e o calor ardente do sol logo faz a vegetação murchar. As flores que pareciam tão bonitas murcham, definham e caem da haste; a planta antes atraente perde a sua beleza.
Assim se desvanecerá também o rico no seu modo de vida...
Dessemelhante do pobre, cuja aparência externa não é impressionante, o rico se assemelha a uma bela flor, visto que se traja de roupa fina. Mas, durante os seus empenhos, talvez viajando a negócios ou na rotina diária da busca de mais riquezas, ou enquanto usufrui o luxo que as riquezas lhe permitem, ele morre. Visto que não pode levar consigo sua glória e suas riquezas, ao túmulo, ele perde sua atraente aparência externa. Talvez nem mesmo tenha tido tempo para usufruir as suas riquezas.
Por outro lado, o rico que se torna cristão pode genuinamente usufruir seus bens materiais por usá-los para promover os interesses do cristianismo e para divulgar as boas novas do Reino. (1 Tim. 6:17-19) Pode ajudar os necessitados, dando especial atenção aos seus irmãos cristãos, assim como fez a primitiva congregação. (Atos 4:32-37; Tia. 1:27)
Naturalmente, o pobre também morre, mas ele nunca havia apresentado a bela aparência próspera do rico, cuja riqueza parecia ser capaz de dar-lhe vantagens para prolongar a vida. O salmista Davi descreveu os que confiam na riqueza material e exultam com ela como que dizendo: “Nossos celeiros estão cheios, suprindo produtos de uma sorte após outra, nossos rebanhos se multiplicam aos milhares, dez mil por um, nas nossas ruas, nossas reses estão carregadas, sem rutura nem aborto . . . Feliz o povo para quem é assim!” Mas Davi passa a dizer, em vez disso: “Feliz o povo cujo Deus é o Senhor!” (Sal. 144:13-15)
Jesus também ilustrou este ponto ao descrever o rico que exultava cabalmente com as suas riquezas: “A terra de certo homem rico produziu bem. Consequentemente, ele começou a raciocinar no seu íntimo, dizendo: ‘Que farei, agora que não tenho onde ajuntar as minhas safras?’ De modo que ele disse: ‘Farei o seguinte: Derrubarei os meus celeiros e construirei maiores, e ali ajuntarei todos os meus cereais e todas as minhas coisas boas; e direi à minha alma: “Alma, tens muitas coisas boas acumuladas para muitos anos; folga, come, bebe, regala-te.”’ Mas Deus disse-lhe: ‘Desarrazoado, esta noite te reclamarão a tua alma. Quem terá então as coisas que armazenaste?’ Assim é com o homem que acumula para si tesouro, mas não é rico para com Deus.” (Luc. 12:16-21)