Hebreus 6:1-20 — Comentário de Matthew Henry
Comentário de Hebreus 6
Hebreus 6
Deve expor-se toda parte da verdade e a vontade de Deus ante todos os que professam o evangelho, e instá-los em seus corações e consciências. Não devemos estar sempre falando de coisas externas, as quais têm seu lugar de uso mas, frequentemente, consumem demasiado de nossa atenção e tempo, que poderiam empregar-se melhor.
O pecado humilhado que se declara culpável e clama por misericórdia não pode ter fundamentos para desesperar a partir desta passagem, qualquer seja a acusação de sua consciência. Tampouco prova que alguém feito nova criatura em Cristo chegue a ser um apóstata definitivo. O apóstolo não fala das quedas dos meros professos, nunca convictos nem influenciados pelo evangelho. Estes não têm nada de que cair, senão um nome vazio ou uma confissão hipócrita. Também não fala dos desvios os escorregões temporários. E tampouco se quer representar aqui esses pecados em que caem os cristãos pela força das tentações ou o poder de alguma luxúria mundana ou carnal. Aqui se alude a queda que significa renunciar aberta e claramente a Cristo por inimizade de coração contra Ele, Sua causa e povo, de parte dos homens que em suas mentes aprovam os atos de Seus assassinos, e tudo isso depois que eles têm recebido o conhecimento da verdade e saboreado alguns de seus consolos. Deles se diz que é impossível renová-los outra vez para o arrependimento. Não porque o sangue de Cristo seja insuficiente para obter o perdão deste pecado, senão que este pecado, por sua mesma natureza, se opõe ao arrependimento e a toda coisa que a ele conduza. Se os que temem que não haja misericórdia para eles, por compreenderem erroneamente esta passagem e seus próprios casos, atentassem para o relato dado acerca da natureza deste pecado, que é uma renúncia total e voluntária de Cristo e sua causa, unindo-se a Seus inimigos, ficariam aliviados de seus temores errados. Nós mesmos devemos ter cuidado, e advertir o próximo de toda aproximação ao abismo tão terrível da apostasia, porém ao fazê-lo devemos manter-nos perto da Palavra de Deus, tendo cuidado de não ferir nem horrorizar o caído e penitente. Os crentes não só degustam a palavra de Deus, senão que a bebem. Este fértil campo ou jardim recebe a bênção. Porém o cristão que o é somente de nome, continua estéril sob os médios de graça e nada produz, salvo engano e egoísmo, estando perto do espantoso estado recém descrito; a miséria eterna era o final reservado para ele. vigiemos com humilde cautela e oração para nós.
Comentário de Hebreus 6:9-10
Existem coisas que nunca se separam da salvação; coisas que mostram que a pessoa está num estado de salvação e que terminará na salvação eterna. As coisas que acompanham a salvação são coisas melhores das que nunca desfrutaram o apóstata ou o que se afasta.
As obras de amor feitas para a glória de Cristo ou feitas a seus santos por amor a Cristo, de vez em quando, segundo Deus dá a oportunidade, são sinais evidentes da salvação do homem; e marcas seguras da graça salvadora dada mais que a iluminação e a degustação de que se falou antes. Nenhum amor deve ser reconhecido como amor, senão o amor que opera; e há obra é boa se não fluir do amor a Cristo.
Comentário de Hebreus 6:11-20
A esperança aqui aludida é esperar com certeza as coisas boas prometidas por meio dessas promessas, com amor, desejo e valorizando-as. A esperança tem seus níveis, como também os tem a fé. A promessa de bênçãos que Deus tem feito aos crentes está, desde o eterno propósito de Deus, estabelecida entre o Pai eterno, o Filho eterno e o Espírito Santo eterno. Pode-se confiar com toda certeza nesta promessa de Deus, porque aqui temos duas coisas imutáveis, o conselho e o voto de Deus, em que é impossível que Deus minta, pois seria contrário à sua natureza e à sua vontade. Como não pode mentir, a destruição do incrédulo e a salvação do crente são igualmente verdadeiras.
Note-se aqui que têm direito por herança as promessas aqueles aos que Deus tem dado seguridade plena da felicidade. Os consolos de Deus são suficientemente fortes para sustentar a seu povo quando está submetido a suas provações mais pesadas. Aqui há um refúgio para todos os pecadores que fogem à misericórdia de Deus por meio da redenção em Cristo, conforme a aliança de graça, deixando de lado a todas as outras confianças. Estamos neste mundo como um barco no mar, sacudido de cima para abaixo e correndo o risco de naufragar. Necessitamos uma âncora que nos mantenha seguros e firmes. A esperança do evangelho é a nossa âncora nas tormentas deste mundo. É segura e firme, pois do contrário não poderia manter-nos assim. A graça gratuita de Deus, os méritos e a mediação de Cristo e as poderosas influências de Seu Espírito, são as bases desta esperança, assim que se trata de uma esperança segura. Cristo é o objeto e o fundamento da esperança do crente. Portanto, depositemos nossos afetos nas coisas do alto e esperemos com paciência sua manifestação, quando nós nos manifestaremos com Ele certamente em glória.
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