Explicação de Isaías 49

Isaías 49

Isaías 49 introduz o conceito do Servo do Senhor como um indivíduo que representa Israel. O capítulo fala da vocação única do Servo desde antes do nascimento, sendo escolhido por Deus para levar a salvação às nações. Enfatiza o papel do Servo na restauração de Israel e em servir como luz para os gentios. O capítulo aborda sentimentos de insignificância que o Servo pode experimentar e garante que os planos de Deus prevalecerão. Fala de um tempo futuro de restauração e redenção, sublinhando a compaixão de Deus e a Sua capacidade de cumprir as Suas promessas. Isaías 49 estabelece as bases para a compreensão da missão do Servo num contexto mais amplo.

Explicação

Nos capítulos 49 a 53, Deus está lidando com Seu povo por causa de sua rejeição ao Messias. Este é o livro do Servo Sofredor de Jeová.

49:1–6 O servo de Jeová no capítulo 49 pode parecer ser a nação de Israel nos versículos 1–3, mas somente o Senhor Jesus responde plenamente ao texto. No versículo 3 Israel é mencionado pelo nome, mas é Cristo, o verdadeiro “Príncipe de Deus”, e não a nação. Nos versículos 5 e 6 o Servo é distinguido de Israel. As restaurações de Israel se fundem nesses versículos, primeiro o retorno sob Ciro, depois a futura restauração quando o Messias estabelecer Seu Reino.

O Servo convida as pessoas do mundo a prestarem atenção a Ele enquanto Ele relata Seu nascimento, o nome que Lhe foi dado antes de Seu nascimento (Mt 1:21), Sua mensagem incisiva e autoritária e Sua designação por Deus como Servo, um Príncipe de Deus (Israel) em quem Jeová seria glorificado. Ele ainda sugere o problema da alma que experimentou por causa de Sua rejeição por Israel (veja Mt 11:16-24), mas depois Sua satisfação de que Deus recompensaria (cf. v. 4 com Mt 11:25, 26).

Deus O chamou não apenas para trazer o renascimento espiritual de Israel, mas também para trazer salvação aos gentios. O versículo 6b é citado em Atos 13:47 como se referindo a Cristo.

49:7 Em Seu Primeiro Advento, o SENHOR foi profundamente desprezado e abominado pela nação de Israel, mais abaixo na escala social do que os reis gentios. Mas em Seu Segundo Advento, os monarcas da terra prestarão homenagem a Ele. A frase “Servo dos governantes” também se aplica a Israel; compare José, Mardoqueu, Esdras, Neemias e Daniel.

49:8–13 Deus respondeu à oração de Cristo, ressuscitando-O dentre os mortos e, em seguida, designando-O para trazer Israel de volta à terra. O Servo de Jeová convocará o povo para retornar à terra e fornecerá condições ideais de viagem ao longo do caminho. Eles virão de todo o mundo, de tão longe quanto Sinim (possivelmente da China). Será um dia feliz para o mundo quando Israel experimentar Seu conforto e compaixão dessa maneira.

49:14–16 Enquanto isso, a cidade de Sião é retratada sentindo que seu Senhor a esqueceu. A resposta de Jeová é que uma mãe pode esquecer seu bebê que amamenta, mas Ele nunca esquecerá Sua cidade. Sião está inscrita nas palmas de Suas mãos, e suas paredes nunca estão fora de Sua mente. Comparamos instintivamente a referência às palmas das mãos de Jeová com as feridas de amor que Cristo sofreu por nós. Um grande poeta cristão inglês expressou isso lindamente:

Meu nome nas palmas de Suas mãos
A eternidade não apagará;
Imprest em Seu coração permanece
Em marcas de graça indelével.
—Augustus M. Toplady

49:17, 18 Os filhos de Israel estão correndo de volta para Sião, enquanto a equipe de demolição está partindo. As multidões reunidas, convergindo para a cidade, tornam-se como joias para uma noiva.

49:19-21 Os lugares desertos e desolados de Israel experimentarão uma explosão populacional. Sião se perguntará de onde vêm tantos judeus - afinal, ela está viúva há muito tempo!

49:22, 23 A um sinal do Senhor Deus, as nações montarão uma enorme ponte aérea para levar os exilados de volta à terra. Monarcas gentios servirão ao povo de Deus, e Israel perceberá que vale a pena esperar pelo Senhor.

49:24–26 Se os cativos da Babilônia tiverem dúvidas quanto à possibilidade de serem libertados do poderoso tirano, que eles saibam que Jeová lutará com seus adversários e salvará seus filhos. Quando os opressores colherem o que semearam, o mundo saberá que o Senhor é o Salvador de Israel e seu Redentor, o Poderoso de Jacó.

Notas Adicionais:

49.1 Terras do mar: Esta expressão traduz-se por “países do mar”, em 41.5, e “ilhas” em 41.1, cuja nota explica que também pode significar “nações remotas”, ou o estrangeiro em geral. A mensagem está sendo dirigida às nações ela terra, pois é a luz para os gentios (6). Menção do meu nome: Jesus recebeu Seu nome antes de nascer (Lc 1.31; 2.21).

49.2 Na sua aljava: Na posição de prontidão para a nação e serviço, e na posição de ser guardado sob a proteção de Deus.

49.3 És Israel: O versículo que os judeus usam para dizer que estas profecias dizem respeito à descendência natural de Israel; não deve ser assim interpretado, pois é a definição do verdadeiro Israel de Deus, que revela a glória de Deus, para proclamar as virtudes do seu Salvador (1 Pe 2.9-10). Este servo verdadeiro, este Israel ideal, iria chamar os israelitas nativos à restauração (v. 5), chamando para si os gentios com a mesma promessa de restauração e inclusão na nova Aliança (6, cf. 1 Co 11.25).

49.7-12 Agora Deus é quem faia sobre a glória do seu Servo desprezado, o qual virá a ser mediador da aliança e Redentor do seu povo.

49.7 Aborrecido das nações: Antecipa 53.1-3.

49.8 Repartires: Relembra a distribuição da terra santa às doze tribos, feita por Josué, Js 14-19.

49.9 Em trevas: A cegueira espiritual dos gentios e dos judeus que rejeitaram a Cristo, Jo 9.41. Pastarão nos caminhos: Voltariam em paz para suas casas, até tirando proveito dos obstáculos.

49.12 Sinim: Pode ser Assuã, no Nilo, onde se desenvolveu uma colônia israelita.

49.16 Te gravei: Ilustrações para mostrar que o problema do povo de Deus está sempre gravado na Sua mente, assim como a lei de Deus deve sempre estar presente nas ações do seu povo (Êx 13.9, 16; Dt 6.8; 11.18); é possível que seja uma alusão ao costume da tatuagem, representando algum ente querido que morrera, perpetuando-se assim a sua memória através da gravação feita na pele da pessoa que ficou. Segundo um costume pagão, alegava-se que, através dessa tatuagem, era mantido um contato com a pessoa morta, o que era proibido ao povo de Deus (Lv 19.28; Dt 14.1).

49.18 Vestirás: A glória, a formosura e o atavio de uma mulher israelita, era ter a sua família ao seu redor. Jerusalém, agora triste, é convidada a receber, com júbilo, seus filhos que voltam.

49.23 Lamberão o pó: Expressão oriental que descreve a humilhação dos súditos ou dos povos conquistados perante seus superiores ou conquistadores (cf. Mq 7.17; Sl 72.9).

49.24 Repete-se o ensinamento de 31.4, de que ninguém poderá interferir nas conquistas dos grandes impérios, evidência que Deus, por fim, como Redentor, tirará a presa do forte (25 e 26; cf. Lc 11.19-23). Jesus é o Redentor que tira a presa de Satanás.

49.26 Com sua própria carne: Cf. 9.20 É o castigo que o zelo do Senhor faria cair sobre os opressores vencidos.

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